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O que podemos aprender com Game of Thrones sobre Marca Pessoal

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Apesar da maioria dos fãs ter se decepcionado com a última temporada (eu entre eles), é inegável que GOT é uma série que ficará na história. 

A capacidade de surpreender o público, sem ter piedade de eliminar personagens relevantes de maneira cruel, a complexidade da trama, o jogo bruto do poder mostrado sem rodeios, chegam a lembrar… a vida real? 

Pois é, buscamos no entretenimento um alento para a nossa dura realidade, mas não é que quando ele se aproxima da vida como ela é, gostamos mais ainda? 

Bem, fato é que a riqueza das personagens construídas e nutridas ao longo destes 8 anos nos ensina muito sobre Marca Pessoal:

=> A verdadeira essência é consistente no tempo.

Uma das maiores revoltas dos fãs veio no episódio 5 da última temporada, com a reviravolta na personalidade de Daenerys Targeryan. De repente, um contratempo dispara nela uma mudança brusca de comportamento, fazendo um arco narrativo improvável. 

A maior crítica? Falta de coerência. 

Uma explicação para uma mudança repentina e tão pouco razoável seria, portanto, a loucura. Pois numa narrativa linear, este comportamento não faria sentido. Daenerys teria herdado a insanidade do pai, se tornando a Mad Queen. 

É sobre isso que falamos quando trabalhamos uma Marca Pessoal. Sobre consistência. Todas as nossas atitudes cotidianas vão estabelecendo um padrão, e isso gera nas pessoas a expectativa de como nos comportaremos no próximo contato. 

Por isso dizermos que marcas são atalhos. Esperamos determinados comportamentos, porque eles foram acontecendo de maneira regular, ao longo do tempo. 

=>Uma identidade coerente sempre encontra seu público.

Cersei Lannister foi, sem sombra de dúvida, uma das personagens mais fortes e interessantes do seriado. Gostemos dela ou não, vamos admitir: ela sempre foi muito coerente. 

Sabíamos exatamente o que esperar dela, e nesse sentido, nunca nos decepcionou…. sempre entregou o nível máximo de maldade. Com louvor, aliás. E por este mesmo motivo, até o final, sempre teve aliados. Quando um saía de cena, logo outro aparecia, interessado no que ela poderia oferecer. Imagina se ela, de repente, se torna benevolente. O que pensarão estes aliados? Se sentiriam traídos, certo? 

Cersei nos ensina que quando temos um posicionamento claro, sempre haverá quem nos compre. Polêmicas à parte, claro. 

=> Fazer somente o que esperam de você não leva ninguém ao trono.

Jon Snow sempre correspondeu às expectativas. O menino tímido, que se assumiu como o bastardo, no sentido figurado também, estando sempre ao dispor de todos os que precisassem dele, sempre impondo a si mesmo mais deveres que direitos e jamais questionando a autoridade. Nunca quis ser rei e, evitando o poder e o palco, seguiu até o final. 

Jon perdeu tanta força que nem o fato de ser o herdeiro natural do trono, nem de ter todas as qualidade de um bom governante, nem de ser adorado por todos aqueles com quem já tinha trabalhado, nada parecia lhe conceder essa legitimidade. Um Jon Snow rei, ao final, pareceria uma situação forçada, uma acomodação. 

Vemos muitas vezes essas situação em Marca Pessoal. A pessoa tem qualificações, experiência, repertório, mas é a primeira a não acreditar em si. Não se coloca na posição que poderia ocupar, não se enxerga ali, e por isso mesmo, por mais que todos à sua volta a vejam naquele lugar, ela não o ocupa. 

=> Sempre é possível recomeçar.

Sansa Stark foi a personagem com um dos arcos narrativos mais radicais. De “passarinho” a Rainha do Norte, sua força se construiu a partir dos revezes que sofreu. E não foram poucos. A sucessão de maridos loucos e afins lhe renderam sofrimentos inimagináveis. O que vimos foi, a cada obstáculo superado, uma personagem mais forte. Não entraremos aqui na crítica feita ao roteiro machista, que faz com que mulheres precisem sofrer para se tornarem fortes (embora o ponto seja sim, relevante). 

Nossa reflexão aqui é sobre Marca Pessoal. 

Sansa nos ensina que é possível refazer uma Identidade a partir do que lhe é dado, o seu contexto, embora muitas vezes ele pareça adverso. Em nossos processos de Marca sempre gostamos de lembrar da frase do Ortega: “Eu sou eu e minhas circunstâncias”.  

Não controlamos o contexto. 

Sansa nos mostra como é importante gerenciar os sinais que emitimos porque eles são a parte que controlamos do processo de construção de nossa Marca. 

=> A gente gosta de quem entrega valor, mesmo que erre. 

Tyrion Lannister sempre foi adorável. Bêbado e devasso, sempre fazendo piadas sobre todos e si mesmo, e nos provendo com as melhores tiradas do roteiro. Sua inteligência diferenciada sempre esteve presente, e mesmo disfarçado no meio do humor, estava o seu caráter. Sua evolução foi rápida, fez sentido. E ao estar no poder, por diversas vezes, Tyrion errou. 

Calculou mal riscos, confiou em quem não devia, se deixou levar por ilusões, tomando decisões equivocadas. 

E continuamos adorando Tyrion. Por que? 

Porque sabemos que seu valor é maior do que seus erros. 

Neste ponto a narrativa se manteve fiel: em diversos momentos nos quais Daenerys pensa em tirá-lo do posto, é lembrada por seus conselheiros do valor que Tyrion entrega. Ela mesma reconhece isso no momento da batalha, poupando-o (“Se vencermos essa batalha, precisarei do seu cérebro”)

Assim também é com nossa Marca Pessoal: se somos capazes de entregar um valor percebido, podemos sim, errar. Admitir nossos erros, aprender com eles e seguir em frente, focando em manter a nossa entrega. 

E foi dele, Tyrion Lannister, uma das frases mais significativas para nós em todo o seriado, e que fica aqui como nosso último aprendizado: 

“O que une as pessoas são histórias.  Não há nada no mundo mais poderoso do que uma boa história. Nada pode pará-la. Nenhum inimigo pode derrotá-la.”

E você, como tem contado a sua história?

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